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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Hoje já não tenho tanto...


Hoje já não tenho tanto
Tanto do quanto
Que ainda resta do meu encanto...
Encanto com a vida, com a fé, com o amor etc. etc.

            Começamos a vida com uma invejável alegria, com encantamento com as descobertas, com as possibilidades, com o futuro que queremos construir acreditando que é possível. Mas com o tempo descobrimos que aquela pessoa que existiu um dia já não é a mesma, que raramente se pega cantando sozinho ou sonhando, criando castelos nas nuvens. Nossa cabeça pode até querer ainda ficar no espaço a embalar nossos sentimentos no ritmo da brisa, passeando no céu como as nuvens, singrando mares e horizontes, porém, nossos pés, já cansados pelo tempo (não necessariamente pela idade), teimam em permanecer na terra, mesmo que ela pareça queimar como brasa, eles parecem se arrastar como os répteis lentos que apenas sonham com as alturas. Nossos sonhos estão tão distantes que parecem mais acentuarem o pesadelo em que vivemos. Até arrumamos pretextos para não ficar no marasmo, ajudando uma instituição, querendo salvar o planeta, entrando na política, assumindo uma responsabilidade, tentamos tornar as coisas em nosso redor mais bizarras, evitando o “choque do pavão”.
            O certo é que estamos no mundo meio sozinhos, mesmo cercados por muitas pessoas, por mais próximas e amigas que elas sejam. Chega um tempo em que precisamos nos encontrar conosco, com nossos medos, com nossas fraquezas, com as incertezas que sempre nos rodearam e fingíamos não vê-las, com as decepções que acumulamos ao longo dos dias e das convivências. Os amores e o “grande amor” já nem mais é saudade; a fé não tem em que acreditar – o ceticismo é a mais certa das coisas que carregamos. Olhamos para tudo que sentimos, que acreditávamos, e vemos que tudo parece distante, se é que não está, realmente. Uns se pegam com Deus, arranjam uma religião para disfarçar, ou assobiam para isso, como dizia Raul Seixas. Eu, particularmente, nem mais busco nada. Se tinha uma fé que não acalentavam minhas ilusões, hoje as ilusões desapareceram e a fé tornou-se desnecessária. O Deus  que aprendi ou que me ensinaram a acreditar já é algo amorfo, mas a culpa é minha porque se Ele existe em mim, sou eu quem tira Sua forma. Mas cá entre nós, dá para acreditar que Ele é um personagem ou personalidade? Se é energia, qual a sua forma? Se é sentimento, como defini-lo? Negando que é nosso?
            Bem, não quero descaracterizar Deus, mas é algo que se tornou tão subjetivo para mim que fica difícil saber se Ele é algo ou alguém. As vezes penso que é nada ou ninguém. E a culpa é unicamente minha, Ele existe para a maioria e ajuda-a. Talvez eu esteja querendo um Deus particular. Quem sabe... Será que Freud explica? Talvez! Eu é que não sei.
            Uma coisa é inegável: o fim existe. O além é uma incógnita.
            O certo cuidar de cada dia, pautando-se na regra de ouro de Jesus Cristo: Fazer aos outros aquilo que gostaríamos que eles nos fizessem. E Cristo foi um ser muito inteligente, mais do que os grandes escritores de hoje com os livros de autoajuda, com os seminários e treinamentos de autoestima.
            Talvez Ele seja um “caminho” que preciso trilhar, reaprender a ser um justo entusiasta e sair da mesmice, da descrença para tornar a vida com algum sentido, mesmo que ele pareça incipiente.
            E aqui finalizo dizendo que o amor é aquele terreno macio em que pisamos com os pés descalços sem medo de nos ferir, mesmo que os espinhos por vezes penetrem no âmago do nosso coração.
Espedito

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